Já todos os meus gestos têm a geometria de um desenlace

Já todos os meus gestos têm a geometria de um desenlace
e talvez a sua melodia mortal e indelével
Por isso envolvo-me na folhagem onde as cigarras cantam
como se a força do verão tivesse uma cúpula incandescente

Já não é tempo de sonhar não é tempo de guitarras
porque todas as guitarras são de erva
Que tempo é este então? Sinto a fúnebre dolência
das lâmpadas do tempo e das urtigas nas janelas
Poderá ser a palavra a sombra perfumada
do que ela não alcança o perfume da sua sombra?

Como vencer a dúvida suspensa na garganta?
Será que em nós desliza ainda o cisne imaculado do ser?
Ou já não temos outro espaço senão um círculo de pedras e de cinza
de onde já não se vêem as constelações melodiosas
nem o sussurro da monótona folhagem do mar?

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